Vento de Leste
Surge do nada,
O vazio assombra,
Nortada ausente,
Quente sombra.
Veste o Verão,
Esquece o Inverno,
A humidade intensa,
Cola ao corpo.
Vendaval acalorado,
Ficam as gentes cansadas,
Morno despertar ausente,
Paisagens vivas temperadas.
Despertam os sentidos mornos,
As emoções esquivas renascem,
A lentidão presente escreve,
Estranho modo de estarem.
A vontade acelera,
Numa mobilidade esquisita,
Estamos em mundos paralelos,
Numa vereda qualquer, numa qualquer casita.
Quando se vai, chora-se,
Porque o calor desaperta,
Retorno à normalidade,
Numa assombração fria que, de novo, desperta.
Foi, assim como veio,
Num abrir e fechar de olho,
Numa outra vida separada,
Num eterno retorno.