Tudo Consumir e Nada Ter
As decisões demoradas sempre alcançam,
Algo por que se espera,
Pensamento prolongado,
Opções múltiplas, querer regrado.
Isso, era o antes,
Agora, é o imediato,
O instantâneo do segundo,
Querer e ter, já nada é em abstracto.
Tudo se troca facilmente,
O descartável é corriqueiro,
Tudo se consome desenfreadamente,
Esperar para ter, dar valor a esse ter, é tudo menos rotineiro.
O certo é que o ter algo é banal,
Até a mobilidade se transforma,
Os lares não são nossos,
Arrendar a alma e o coração, é trivial.
Bom ou mau?
Dicotomia do consumo moral,
Centrifugação de valores primários,
Valorização do que se tem, quando se tem, primordial?
É a forma que assume o ter,
A base da idealização de consumo,
Se lutarmos por algo, assume-se um compromisso,
Cuidar do que se tem, fruto de suor e lágrimas, branco fumo.
Se o consumir é frequência atroz,
De nada serve ter,
Porque o coração perdeu o sentir,
E a razão liberta o sentido sem conciliação do haver.
Tudo consumir e nada ter,
Um dia será,
Um dia já é,
Um dia ousará a discussão aberta do que é ser.