Tempestade Silenciosa
O vento sombrio fustiga,
Dissimulado num assobio suave,
Música desperta ao ouvido,
Balanço duro, um entrave.
Aconchego pernicioso,
Chega de mansinho,
Abraça o gentio descuidado,
Levanta intenso remoinho.
Vai chegando,
Vai ficando,
Vai habituando,
Vai relembrando.
Silêncio amargura,
Num som ensurdecedor,
Cântico nocturno acabado,
Memória leve de tempo passado.
Tempestade silenciosa,
Obtusa obstinação,
Impossível resguardo,
Brisa devassa, um turbilhão.
Dança das folhas,
Dança dos chapéus,
Dança da água,
Dança dos céus.
Já não mais é silenciosa,
A tempestade bruta,
O tempo arrefecido,
A ventania sem sentido.
Acautelem-se as coisas,
Pessoas incautas e bens livres,
Abrigos precisam-se,
Esconderijos para fugires.
Também esta passará,
Deixará o mau para sempre,
Deixará novas histórias,
Deixará o futuro, no presente.