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A Esquina do Desencontro

Histórias de Desencontros Ficcionais (ou Não) na Esquina da Vida

TAP, ou a Eterna Ilusão

29.12.22 | Cuca Margoux

(Perdoem-me a inocência e a ingenuidade infantis, e a simplicidade comum e banal do discurso…) Tenho um carinho muito especial pela TAP (Transportes Aéreos Portugueses). Muito sinceramente. Sempre me transportou em bons voos, de e para a minha terra natal, assim como toda a minha família, apesar das muito atribuladas e intensas emoções que despoletavam a cada voo e, especialmente, a cada aterragem. É que aterrar no Aeroporto da Madeira, antigamente, não era para todos, e só os pilotos da TAP estavam devidamente certificados para o poderem fazer, aterrando numa pista minimalista, de tamanho surreal, a bem dizer. Assim, voo nos aviões da TAP desde o meu primeiro mês de vida, numa altura em que as coisas eram mais simples, mais lineares e transparentes dentro da companhia aérea de bandeira nacional. E a TAP era isso mesmo. Um símbolo nacional. Uma referência. É, por isso, com muita tristeza, e em jeito de desabafo, que escrevo estas linhas. Tenho acompanhado o decair constante e inglório de uma empresa que me dizia tanto, que nos dizia tanto. Deixei inclusive de voar para a minha terra, na TAP, porque os preços praticados pela companhia se tornaram exorbitantes, havendo alternativas muito mais interessantes. A minha referência emblemática morreu por isso algures, há já muitos anos, envolta em insistentes controvérsias e despropositadas polémicas. E, aparentemente, não há ninguém que a consiga salvar. Mas, se calhar, a questão é mesmo essa: quererá alguém salvar a TAP? Será que o dinheiro injectado pelo Estado, ou seja, por nós, para o derradeiro rescue, estará a ser gerido e aplicado da forma mais eficaz e eficiente possível, através da implementação de uma estratégia lógica, inteligente e produtiva, e, acima de tudo, com o retorno desejável, maximizando resultados e controlando os custos? E, será que a TAP continuará portuguesa por muito mais tempo? A ver vamos. Num mundo perfeito, utópico e quimérico, tudo se resolveria muito facilmente, a contento de todas as partes interessadas, mas, a realidade pura e dura determina que tal não aconteça, e que os desvios se proporcionem, alavancando apenas certos e determinados interesses, exacerbando assim ainda mais os profundos desaires e as constantes desilusões.