Serpentinas de Papelão
A vida num sopro leve,
É lançada ao ar pesado,
Cores mil, feitas de fitas estreitas,
Entrelaçadas no quarto aberto, por elas pintado.
Enfeites de singela felicidade,
Brindes de estrondosas alegrias,
A multidão coberta de fictícia fantasia,
Deixa-se levar por tesouros de gargalhada e outras tropelias.
O papelão colorido molha-se,
A chuva dura aperta nas ruas,
A multidão embriagada já dançava fora,
Corre agora, refugia-se, e perde-se nas serpentinas suas.
A festa ritmada continua,
Ninguém se assusta com o pretenso temporal,
A vida é para viver intensamente,
Cada momento precioso, nos afasta de ser simplesmente mortal.
Serpentinas de papelão,
Trazem boas companhias,
Lembram a meninice cândida,
Elevam os sonhos e afastam as melancolias.
Depois de tudo,
Ficou o silêncio do nada,
Bocas caladas, mudas,
Corpos adormecidos na íngreme escada.
O dia acabou,
A noite levantou-se,
A madrugada arrefece a alma destapada,
E a manhã vê-se no extenso horizonte.
Mais uma volta no carrossel,
Carrossel de muitas histórias secas,
A multidão acorda do sonho,
A rotina retempera as desilusões frescas.