Regressos Entorpecidos
Um longo e fictício areal,
Extensão obtusa dispersa,
Enquadramento no âmago irreal,
Sensação de esquecimento mais que banal.
Um ouvido mouco atento,
Descortina a razão tão suave,
Inibe o estímulo da fuga anunciada,
A volta sem volta é então apagada.
Nada se sente por agora,
Ver o que se sabe que não se vê,
Desligar os sentidos,
Encontrar os esquivos foragidos.
O desfalecer contínuo,
Que teima em encontrar um certo caminho,
Retorno expectante e difuso,
Cambalear no areal sem o mínimo alinho.
Pé ante pé,
Mão sempre tacteante,
Pensamento profundo,
Aprendizagem entregue, mente divagante.
Quem vai sempre volta,
Igual ou diferente,
Mais próximo ou ausente,
Estranha foi a partida, a chegada é apenas repetente.
Regressar ao conhecido,
Regressar ao ninho,
Esquecer o outro lado do desafio,
Esquecer o abrasivo e confuso desconhecido.
Regressos entorpecidos,
Inércia e paralisação em fusão,
Torpor enigmático desconhecido,
Um novo amanhã será desenhado, doce e eterna ilusão.