Os Primeiros Dias do Ano
As coisas mudaram de cor. O tempo apagado escureceu ainda mais. O sol esqueceu-se de aquecer o mundo e o frio abraça agora o corpo amanhecido. As pessoas andam para cá e para lá. O ciclo flui. É tempo de recomeçar, pensar e desafiar a zona de conforto. O passado esfumou-se, numa lembrança contida. São os primeiros dias de um acordar diferente, mudado. Os primeiros dias do ano envolvem partidas e chegadas, começos e finais, esperança e dor, emoção e racionalidade. Se o tempo ajuda, a felicidade invade os corações, se o tempo fecha, a alma fica cinzenta. O vento embala os sons, cerca os segredos, enquadra a estação. A canção enche o ouvido, numa sinfonia de emoções leves e apaziguadoras. O corpo relaxa, a mente adormece. Se a leveza fosse infinita, os primeiros dias do ano seriam duradouros, numa eternidade sedutora e singela. Prometemos tanta coisa, realizamos tão pouco, sonhamos demais. Assim se passam, num precioso instante magnético, estes dias, os tais que definem o ano, o rumo, a rota, os objectivos, a missão, a visão. Deixemos respirar a fantasia e o fluir da doce vida, numa confluência intensa de sentires e estares, para que o novo ano nos leve para bem longe, para a magia de um universo paralelo, numa outra galáxia, num outro existir.