OE 2019
Verdade seja dita que a procissão ainda vai no adro. Na realidade, ainda ninguém compreendeu muito bem o que há para discutir. A argumentação continuada, aposta na continuidade. O pleonasmo é propositado. Na realidade, acompanhando os debates, discussões, contraposições e majorações afins, conclui-se que as mudanças são significativamente discretas, no entanto, incisivas. E as mossas potenciais serão sentidas apenas em 2020. É um facto. O alívio temporário preconizado em 2019, será contrabalançado com uma maior carga no ano seguinte. Pelo menos, o desfasamento temporal, permite um reajuste das famílias, e até mesmo das empresas, às consequentes circunstâncias. O eleitoralismo apregoado, numa tentativa ofuscante de protagonismo da oposição, esquecida da governança protagonizada em anos anteriores, sucumbe quando a argumentação, de uns e outros, se traduz em frases redundantes e discursos inimaginativos. Todos temos noção de que as políticas apregoadas por todos os governos, independentemente da ideologia partidária, se regem por factores externos, como sejam os lobbies ou a Europa. Convenhamos que o factor intrínseco, ou seja, a população e as empresas nacionais, pme’s, micros e afins, de relevante, tem muito pouco, na execução concreta e realista orçamental. A eterna luta entre a direita, capital primeiro, e a esquerda, pessoas e o social mais enfatizados, mas de todo primorados, porque é inevitável a articulação que tem de ser feita entre empresas e famílias, ou seja, a procura de um equilíbrio aceitável entre custos, proveitos, receitas, depesas, pagamentos e recebimentos, descamba na articulação de ideias sempre idênticas que reflectem a filosofia partidária e o existencialismo convicto de cada ideologia, na sua forma mais puritana. Assim, conteúdo palpável existe, mas é mais do mesmo. Não obstante, há uma tentativa de reposição de direitos e regalias, que se foram perdendo ao longo dos últimos anos. Vamos esperar pela discussão e aprovação do Parlamento, na generalidade, mas, mais concretamente, na especialidade. E, depois, veremos. E sentiremos.