OE 2017
A maquinal propagação do histerismo político desenfreado empola, invariavelmente, nestas épocas outonais, a mistificação de um documento previsional de receitas e despesas que concebe, normalmente, a morte anunciada de todas as projecções governamentais ambicionadas e prometidas. Os ajustes recorrentes são consequência natural da variabilidade conjuntural e contextual. As estratégias, cujos estratagemas afunilados se convertem em observação mais ou menos imparcial, mais ou menos concreta, da objectivação primitiva providencial e imperativa, revertem a substância essencial à prossecução das políticas orçamentais consensuais, reiteradamente expansivas nas suas coligações lateralizadas e nos danos colaterais controlados. Discussões inglórias e pouco produtivas, eficazes ou eficientes, decorrem numa falsa apaziguidade congénita e redundante, mas politicamente correcta. As anuências e as vicissitudes extrapolam o melhor e o menos bom das ideologias partidárias, numa vã tentativa de missão utópica em busca da salvação do país. A comunicação sã, educativa e pedagógica é de louvar, sempre que é passível de existência consistente, mas, na realidade, pouca relevância configura na sua factual concretização. Assim, horas a fio de entediante, mas necessária altercação, mais ou menos conseguida, revelam argumentação repetitiva, pouco imaginativa, inovadora ou criativa dos opostos. Rebate-se e torna a rebater-se. Intervenções iniciam e findam. O avanço é nulo. A oposição marca presença. Tenta desconcertar, desconcentrar, distrair, confundir, baralhar. Os papéis estão hábil e claramente distribuídos e todos sabem o que têm a fazer neste palco de estrelas, maioritariamente, sem grande brilho na essência e na substância. Por sorte, as coisas estão já bem precisadas nas mentes da geringonça andante e, pasme-se, até vão funcionando. E vão funcionando bem. O orçamento, esse papão assustador vai, com as dificuldades inerentes e expectáveis muito próprias e nada surpreendentes, superando os obstáculos, conjugando forças aparentemente antagónicas e consolidando uma governação caracteristicamente mais social e humanizada. Esperamos pequenos passos, mas grandes feitos. A pouco e pouco, o equilíbrio e a estabilidade reconquistam-se e sonham-se. A bem da nação e de todos os portugueses. O caminho é longo e árduo, nada de ilusões. Todos o sabem e todos o sentem. A esperança, persiste, no entanto. Vamos dar, por isso, à geringonça e ao OE 2017, o benefício da dúvida.