O Templo da Imaginação
Os laivos dispersos sussurravam numa icónica convulsão de sons malfeitos. A história começava mal, num dia escuro e triste. As crianças aguardavam fantasia devota e magia incauta, mas a imaginação guardava a temperança para uma outra caminhada escrita. Os sons malfeitos, perdidos nas andanças do sonho disperso, enquadram uma visão surreal de ciclos de vida rotinados e intempestivos. O templo, longínquo, no caminho real abandonado, culmina embriagado pelo verde primaveril que abraça o edifício. As crianças reúnem-se vezes sem conta, em roda, olhando o céu pintado e as estrelas sorridentes. Os anciões, despertos pela imaculada maturidade divinal, ensinam os saberes e ditam o futuro. A imaginação esconde-se em cada canção, em cada acção, em cada toque. O templo emana alegria e cor. O sonho determina cada palavra. Os laivos concentram-se e glorificam a esperança de uma amanhã sobrevivente. A estrada da vida é percorrida intensamente. O coração enche-se de amor e a fatalidade não mais tem lugar. A alma entrega-se e as mãos, dadas com nostalgia, fazem fechar os olhos observadores e fluem num profético condão de magia. Poucos são os que conhecem o templo. Poucos acreditam nele. Poucos o vêem, portanto. A entrega plena e iluminada à imaginação desconstrói o fadado destino incerto da regenerada humanidade ausente. Potencial fissura de felicidade, frenética contundência conseguida. O ser define o sonho. O ser define a imaginação.