Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]

A Esquina do Desencontro

Histórias de Desencontros Ficcionais (ou Não) na Esquina da Vida

O Sol na Pregadeira

07.03.23 | Cuca Margoux

A lua baixou no horizonte a monte,

O sol subiu no céu escaldante,

O tempo parou sorrateiro no depois,

O inverso reverteu e o momento ficou só a dois.

 

O cabelo que solto ondulava,

No vento da manhã ainda sem pregadeira,

No vento que se quis serenado,

No vento, uma vez mais, inventado.

 

A pregadeira agora ao peito,

No casaco de pele sem sinal,

Engana a outra sombra,

Faz deambular vistoso e magia que encanta no final.

 

Os reflexos fechados,

Os tons abertos,

O mirante despontado,

O viajante desperta atordoado.

 

O sol aquece,

Mas a face logo arrefece,

O vento já não mais serena,

A pregadeira, afinal, tudo encena.

 

A magia que acontece,

Num fechar de olhos pesados e tristes,

Calibra a alegria que renasce de novo,

Na falácia de um teatral cenário, em que tudo depois desaparece.

 

Acredita, quem tem a pregadeira,

Que o tempo será infinito,

Que a vida acontecerá sem morte,

Que a beleza ainda figurará encanto na torreira da sorte.

 

O sol na pregadeira,

Naquela pérola mágica,

Naquela joia perfeita,

Naquele presente percebido, confere protecção a qualquer maleita.

 

Nada se compreende da confusa história,

Contada pela dona da pregadeira,

O que aconteceu no passado é mistério sério,

O presente é quase incerto, o futuro é vela acesa, talvez, para alcançar a glória.