O Salto Doutoral
As feições, ao vento vespertino, denunciavam felicidade. Os olhos operaram a sua magia discreta, fecharam-se e transportaram-na para um passado recente ambíguo. A porta principal abriu-se a seus pés, deixando entrar a esperança afunilada, num pedaço de alma cadente que ambiciona por muito e mais. As salas a abarrotarem de conhecimento extravasado, saber doutrinal, teorias e práticas casuísticas, animicamente, impressionavam-na. Condescendia e tolerava a instrumentalização aplicada, mas operava colateralmente as iniciativas transfiguradas das metodologias equiparadas racionalmente. Racionalizar o intricado processo académico, carecia de aprovação mental dualizada na sua luta interior entre o socialmente irrepreensível e o moralmente atabalhoado. Os estudos prosseguiram incólumes e atulhados de peripécias atribuladas, mas sempre refrescantes e retemperadoras dos sentidos e da sua provocação. O tempo passou. Muito tempo encafuada nas bibliotecas da vida e no quarto da alma estudantil. O fim aproximava-se e o árduo trabalho desenvolvido daria, agora, frutos, expectavelmente. Configurados todos os padrões viáveis de work-flow academial, o sucesso estava, necessariamente, assegurado na base primordial dos estudos rematados. O salto doutoral acercava-se, por fim. O vislumbre, ainda ténue, permitia-lhe o sonho. A concretização consolidada realizou-se. Estampados nas feições ao vento vespertino, que agora despertava os olhos, estava o sorriso da alma e a conquista do muro aparentemente intransponível que foi, merecidamente, subjugado e dominado. Glória às capacidades intelectuais, glória ao conhecimento adquirido, glória aos ensaios, glória ao saber fazer. O salto doutoral fora dado.