O Outro Lado
O lado excêntrico que se quer reconhecível, desmotiva os sentidos felizes, numa infusão de cacofonias sensoriais incontroláveis e desgastantes. O tempo novo vence o enigma da premissa passada, do lado oposto escondido, do outro lado, o lado oculto malfadado. Vil invenção dramática que foi encomendada, algures, num qualquer universo paralelo e que aterrou fulminante na travessia icónica da vida humana transportada. A linha temporal contradiz a acção. O lado que se conhece não favorece a característica globalizante da emoção humana. O lado desconhecido apela à intempérie e alcança patamares consecutivos, dignificantes de oposição funesta programada. O planeta opressivo desmantelado outrora, conduz a humanidade numa senda infinita de sonho contestatário e inalcançável. A ilusão e parecença com a realidade é um fenómeno extasiante, mas requer compostura irrepreensível e dinâmica digital virtualizada. O ser apagado renasce e o outro lado apela à vida, chama à realidade desconcertada e desconcertante. A humanidade é conquistada, ainda que por breves instantes. Insignificante ausência de tempo, num espaço controlado e fictício. Os viveres presentes são as memórias ausentes e, este lado, recupera a vitalidade dos sentidos esquecidos. Este lado e o outro permanecem incólumes, numa panóplia fustigante de sensações apartadas dos hemisférios cerebrais. O desconsolo da alma despenada enaltece a glória daquele chamamento ancestral, que se prende com a vontade alheia do corpo, na sua dupla existência cansada. A voz irritante que enche o espaço desocupado, verte sons que levam os olhos às lágrimas vidrantes. Nunca se percebeu o significado deste outro lado variável e resistente, mas sempre se sentiu o estar fechado e delator da força direccional, encaixada no propenso fenómeno chamado imaginação humana.