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A Esquina do Desencontro

Histórias de Desencontros Ficcionais (ou Não) na Esquina da Vida

O Discurso Retratado de Um Conto Inacabado

10.07.20 | Cuca Margoux

O sol cobriu o corpo frio,

O calor subtil filtrou a paixão,

A doce felicidade foi desperta,

Num discurso inflamado sem contenção.

 

Porque o espírito é livre,

Num qualquer conto fadado,

A alma voa alto no céu infinito,

Empresta a escrita afável num tom inacabado.

 

A alegria da cor dispersa,

Na ausência da angústia finada,

O horizonte é o limite aberto,

O discurso foi finalmente retratado.

 

A corrida do encanto,

Desencanta o fim,

Esse premeio intempestivo,

De personagens outrora agrestes, agora, carmim.

 

Os cenários opacos e naturais,

Na sua oposição transparente,

Orvalho matinal que se sente,

Resfriado discursivo, criação da alma somente.

 

Eram belas as personagens,

Naquele conto inacabado,

De história curta interminável,

De apaixonada reverência ovacionada.

 

Quem recua, perde-se de si,

Numa fuga premeditada,

Arriscar o coração carmim,

Dar asas à imaginação, confiar na madrugada.

 

Tudo de manhã desvanece,

O discurso, o conto,

O começo é reescrito em lágrimas,

Pois o momento foi-se e houve o virar de novas páginas.

 

O discurso retratado de um conto inacabado ficou,

Talvez só na memória sem glória,

Talvez naquele chamamento apartado,

Talvez naquele coração ainda apaixonado.

 

O tempo sara as feridas,

Torna mais fácil o perdão,

Aquece de novo o corpo frio,

Relembra a tristeza da solidão.

 

Tudo se recupera doce e lentamente,

O amor que partiu,

O amor que ficou,

O amor ousado do conto inacabado verdadeiramente.