O Dia Que Ainda Cresce
Numa manhã alvoraçada,
A irrisória candura da diva,
Desmobilizou a contenção da alma,
Acordou para a demagogia da calma.
O dia ainda vive,
Num extremo sem final,
Numa ambiguidade desesperada,
Numa volta de novo falseada.
Saber que o tempo passa,
A partir da manhã agora quebrada,
Condiciona o raciocínio,
A estratégia de uma vida mais recompensada.
O sonho que cresce,
Encerra o viver atribulado,
O ser pisado,
O regredir ovacionado.
Mas, com o passar do tempo,
As migalhas crescem,
Transformar chuva em sol,
Pequeno em grande, fortalecem.
O inebriante recomeço,
Que cresce com o dia presente,
Compila o sentir do ainda crente,
Revê o filme quase expirado ao olhar o sol poente.
A chuva lava agora a alma,
O dia foi crescendo,
O tempo foi passando,
No espaço todos foram simplesmente flutuando.
O vibrar dos sentidos,
As emoções disformes,
Os contratempos controlados,
São réstias fortes de estares revoltados.
O dia que ainda cresce,
Na ilusão de um retemperar da alma,
Falseia a vida recomeçada,
Condena o tempo futuro, já sem dissimulado vaguear pela estrada.