Nova Calamidade - Dias 18 a 24 - O Mundo em Revolução
Os dias são bem mais pequenos e cinzentos e frios, e aqueles que ainda acham que as coisas podem ser como sempre foram, e que serão como foram ontem, estão redondamente enganados e tremendamente iludidos. A tentativa desesperada para parar esta confusa e conturbada revolução dos paradigmas existenciais, das mudanças drásticas e das mentes divergentes, não será passível de ser travada. É impossível parar os desígnios universais da imprevisibilidade, da novidade, da criatividade, da surpresa e da evolução premente, ainda que forçada. Assistimos a uma mudança profunda e a um virar de páginas que estiveram demasiado tempo soltas, agora, talvez um pouco mais coladas, ou assim se quer crer, porque o conhecimento vai sendo mais acumulado e materializado, codificado e documentado, procedimentado e guardado em rede, no abstracto, mas ainda assim arquivado, sempre contendo histórias e acções e comportamentos e atitudes e posturas mais ou menos revolucionárias e senhoras de uma dinâmica muito própria, e sempre marcantes uma vez que determinam, de alguma forma, por vezes inconscientemente, a sequência e a cadência dos acontecimentos que acontecem paralelos aos desígnios universais, de compreensão menos quantificável, entendível e explicável. Portugal, em tempos covídicos, abraça, talvez um pouco contrariado, a partir de segunda-feira, novas regras e medidas restritivas que são condição do novo Estado de Emergência a que o país se sujeita, pela quarta vez. Um mal inevitável e necessário com um propósito maior e mais abrangente, assim se diz. Equilibrar, numa balança muito frágil, o peso social e o económico, tem-se revelado uma tarefa árdua, difícil e extremamente complexa. Já perdemos a conta aos novos casos diários e os óbitos aumentam a uma velocidade assustadora, assim como o número de novos internamentos. São tempos incertos. São tempos estranhos. O estranho passou a ser normal, usual, comum, mais do que se esperaria. Há, por isso, que assimilar as mudanças, aceitar os desafios e contribuir, humildemente, para que o equilíbrio social e económico seja, um dia, em breve, espera-se, alcançado. Pelo mundo, a América está nas bocas de todos, desta vez, pelas razões mais certas, porque as menos certas parecem ter sido a tónica frequente nos últimos 4 anos. O povo americano pronunciou-se e elegeu Biden, para alívio de muitos, no país e no estrangeiro. Talvez agora seja possível recuperar a diplomacia americana, outrora fundamental para a resolução (e não para a ebulição ou provocação…) de tantos conflitos por esse mundo fora, recuperar o espírito de união mais universal e global, recuperar linhas de acção que promovam mais consenso, mais cooperação e mais colaboração entre as nações mundiais. As utopias dão esperança e animam a alma. Se conseguirmos que algumas se concretizem, já teremos percorrido um caminho extraordinário. As nações do mundo em entendimento? Um sonho magnífico, um futuro, talvez. O que aí vem, ninguém sabe verdadeiramente, seja no cenário covídico, no cenário “pós-trumpídico”, ou whatever, mas, uma coisa é certa, se não definirmos objectivos comuns concretizáveis e alcançáveis, muito em breve, correremos o risco muito sério de enfrentarmos a extinção da espécie. E isso seria deveras muito triste. E, muito sinceramente, perfeitamente evitável. Dias melhores virão. Assim se espera. Há que aguardar com muita paciência, resiliência e inteligência.