Nós e Outrem
Amanheceu o despropósito,
Quedado na mudez matinal,
Súplica no promontório,
Desolação de escândalo divinal.
Vocação aparecida,
Do nada crescemos desmedidos,
Outros olhos nos seguem,
Estupidamente perdidos.
Agrado ou desprazer,
Visão ou tortura envolta,
Cabe nos entrementes neurais,
A roda cíclica, que das flores belas brota.
O desagrado aprova,
O que se faz e o que se diz,
Regras ditadas por outrem,
Numa iluminura frívola no bosque, além.
Em conjunto, em uníssono,
O nós de outrem,
O passado presente vive,
No futuro que, quem não sabe, aí vem.
Roda a roda,
Roda a vida,
Infinita transgressão solta,
Nas pedras da calçada retratada e desmedida.
Queremos, sofremos,
Vivemos, morremos,
Subimos aos céus e descemos à terra,
Devolvemos memórias, desfalecemos.
Abrem-se os contos,
As histórias inventam-se,
Todos nos inebriam,
Quando na senda do destino alentam-se.