Navegação de Nota Incerta
O sabor do fluir desconexo,
Atrai ainda assim a multidão gigante,
Numa ondulação quase perfeita,
Encarando o tempo paralelo, fechado sem semblante.
Navegar num mar quase auspicioso,
Em condescendente ascendência,
Renegar o povo incauto,
Encontrar o fundo escuro preso na mente, sem dormência.
Na era do tudo ou nada,
Do espaço cheio de ilusória liberdade,
Da nota abracadabrante sem valor,
Há incerteza cimeira sem temperada cor.
Os barcos estão por terra,
O mar agitado se estende e deita diferente,
A morte assombra as funestas águas,
O silencio é ensurdecedor, bem lá na frente.
Aquela maneira de ser antiga,
O que foi pensado e passado,
A incerta incerteza certa,
A diferença opinativa do ser outrora frustrado.
O balanço é equilíbrio ilusório,
As águas agitam o pensamento,
Navegação rude sem destino,
O além é agora, a vida, apenas um breve momento.
A vista alcança um suave horizonte,
Abarca a memória e a solidão,
De um ser no mar ausente,
Navegando em busca de uma fugaz motivação.
Era o que se sabia,
Era o que se contava,
O que se fazia,
E o que de resto ficava.
Navegação de nota incerta,
Uma pauta insegura,
Uma partitura desconfiada,
O agitar com cadência do barco, que aporta finalmente em terra segura.