Impávida Apatia
O momento da incomensurável comiseração esquivou beatificações e conluios extremistas, permitindo cadastros fomentados pela ignóbil condução expatriada de gentio apagado. A irrelevância da sua condição, ostracizava-os e encurralava-os, numa espécie de cerco animalesco desumano. O gentio aceso ignorava tamanha provação e fugia de uma responsabilização cabal, pelos actos decadentes, permissivos e banais, de frequência intimidatória, que calcorreavam as ruas tristes e sumidas, e que assumiam, cada vez mais, significativa relevância. As flores foram mortas, o verde escureceu e o céu abraçou o cinzento. O gentio apagado descia a rua, em grupo, unido, cambaleante e desprovido de força. O gentio aceso chorava, mas a impávida apatia, complementada pela impotência e liberdade condicionada para actuar, agindo correctamente, revelava um cenário de infinita piedade redundante para com a infelicidade alheia. As flores florescem, o verde amanhece e o céu abraça o azul. A esperança, qual brisa de amor e de vida renascida, envolve as ruas não mais tristes e sumidas e desobriga as tempestades irracionais desumanizadoras, numa reviravolta mágica em que o gentio apagado e o gentio aceso se harmonizam e conciliam, numa ilibada felicidade, consenso rejuvenescido, amor encontrado e conto feroz espartano esquecido. A não mais impávida apatia encanta o som da alma e a canção do coração. A lua põe-se e o sol beija o gentio.