Escritos da Era Bélica - Dia 7 - Os Intentos da Razão
(Março de Primavera compadece-se com aquele volumoso turbilhão de desgastantes emoções, que determinam vivências condicionadas e infelizes. Os rótulos subtis, mas determinados, que se afixam ao corpo, e em especial, à mente, são recondutores e redutores, fincando o afrontamento confrontado que define a vida quotidiana espaçada e monótona, sem propósito ou lógica. Tudo se resume a enviesamentos estáticos da alma, conotados em uníssono pelas proposições que vão deteriorando os sentidos humanos. O que se observa é loucura faseada, que se vai aprimorando, tornando-se, cada vez mais, incontornável e consistente. A razão vai-se esvaindo com a subtileza do improviso previsível e da liberdade frustrada e ilusória. O que foi outrora, foi, e não mais será. O autoritarismo dissimulado e a candura imaculada enganosa confrontam-se para dar lugar a espaços descabidos, tempos opacos, discursos obscuros e futuros incertos. Que estranhos intentos neste mês de Março…) O poder mais despudorado mostra-se na rua e nas conversas. A frontalidade brutal absorve os momentos. Os enganos são manifestos. Os improvisos são despertares outrora ausentados, que regressam num menor afunilamento da razão provinciana. O perfeito e hipotético movimento retrata aquela nota pesada que reveste o maior e pior intento, escondido na sombra de uma movimentação sem sentido. Sem presença relevante, a razão continua a sua demanda figurativa, construindo-se a partir de cenários que relevam apenas os interesses de pessoas, de tempos e de espaços. A degradação do estado de graça lógico é uma realidade. Coniventes com o despropósito das razões alteradas, os cenários e os contextos vão sofrendo ajustamentos convincentes, mas maléficos. As estruturas institucionais redefinem-se numa girândola compulsiva que delimita os estados obsessivos do poderio invernoso, ficcionando a expectativa de um mundo melhor, mais justo e equilibrado. A beleza das birras existenciais e das crises provocadas demonstram a imaturidade da boa alma, inexistente na redundância de uma vida desapegada e dispersa. O que é intentado, não se traduz em benesse miraculosa ou viragem benévola. A razão distorcida no discurso frontal, cru e nu, repele o bom momento da criação dinâmica, numa agilidade estática revirada pelo contratempo do pensamento rebelde. Sinónimos antagónicos e antagonismo feito mártir faz reviver, com a redundância anfitriã, o infeliz temporizador que nos aproxima, cada vez mais, do afastar da esperança etérea. Somos luz na sombra. Somos intenção. Vamos intentando e resistindo. Vamos fazendo sobreviver a razão, a boa razão. Assim, se espera.