Escritos da Era Bélica - Dia 4 - O Multiverso da Humanidade
- Perdoem-me mais uma divagação extremada, obtusa e delirante… – (Esta é uma sequência crítica e imprevisível na contagem decrescente para o desastre. Talvez não haja uma convulsão social assim tão funesta, neste imperioso período de revivalismo contraproducente para o tão esperado avanço da desconstrução da inteligência emocional humana. Quais são as avassaladoras, e talvez desconhecidas, regras sociais que dinamizam a relação ambígua entre tribos globais? O despontar amanhecido que reaviva com constância e determinação os conflitos bélicos, apaziguados temporariamente por vontades políticas, e politizadas, direccionadas, redobram os alertas para a multiplicidade de realidades alternativas que se podem observar no horizonte presente e futuro. Somos os eternos sonhadores que sonham com o acordar vitorioso da paz numa qualquer madrugada universal mais humana. Se calhar, a humanidade não é aquilo que pensávamos, ou que conhecemos. A sobrevivência referencial define as acções, e os comportamentos são resultados obstinados que permitem prolongar a vida e as vivências com a cadência necessária para que algum legado prevaleça na memória colectiva genética.) A questão que se coloca é a de que a vida, frágil em toda a sua existência, deve ser preservada e protegida, com o intuito de prevalecer, evoluir e aprender. O sentido da justiça existencial é muito relativo. Predomina, normalmente, a selecção natural, enviesada por variáveis que fomentam o poder e que são alimentadas pelo curioso factor sorte, aliado a um sentido de oportunidade que não permite arrependimento. As decisões são imediatas e consequentes. A verdade é que a humanidade, limitada na sua verdadeira liberdade, uma vez que as regras sociais estão implementadas e interiorizadas, e obrigatoriamente têm de ser cumpridas para que haja harmonia e equilíbrio em sociedade no entendimento muito próprio de cada tribo, tenta libertar-se constantemente das amarras que a aprisionam num casulo que restringe o pensamento diferencial e marginal. Não necessariamente benéfico, este tipo de pensamento pode, no entanto, abanar as estruturas mais rígidas de uma sociedade, fazê-la questionar e, consequentemente, repensar, mudar e, muito provavelmente, evoluir e progredir para, quem sabe, melhor. Ou não. A imprevisibilidade da razão humana e dos contextos situacionais, bem como das conjunturas emocionais, políticas e financeiras, afinal, tudo condicionam. Em boa verdade, pelos vistos, uma única pessoa pode mesmo ter a capacidade de revolucionar o status quo do mundo. É extraordinário como a liderança humana recondiciona o conhecimento, o saber e o comportamento. O que leva a humanidade a seguir bons ou menos bons exemplos de liderança e a eleger os seus líderes? Aparentemente circunstâncias pontuais, e, por vezes, até temporárias, leia-se decisões determinantes suportadas em factos e dados, em informação privilegiada, que redefinem toda a sequência da acção presente e futura. E, aqui, a veiculação e a transmissão dessa informação para o exterior, operacionalizada estrategicamente de determinada forma, extrapolando os detentores primários da mesma, pode ser inibidora do bom senso e da ponderação para quem a recebe descontextualizada, enviesada ou deturpada. A informação humana requer um trabalho afincadamente transparente e coeso, lógico e sensível a variáveis delicadas, no que diz respeito à sua “boa” dispersão. Assim, a relativização do recorrente multiverso da humanidade e da informação que nele circula, em que as múltiplas realidades e dimensões se alojam em talhões cirurgicamente delimitados e milimetricamente recondicionados, é apenas um estado de espírito global ficcional, provavelmente subconsciente, que promove não a liberdade exponencial e efectiva, mas sim a liberdade madrasta dos sentidos e dos pensamentos, do conhecer, da curiosidade, da inovação e da criatividade. Ou não. E esqueçam tudo o que escrevi.