Emergência 13 - Testar, Testar, Testar, Vacinar, Vacinar, Vacinar, Cabo Delgado, Navios Encalhados e Diplomas Promulgados
(A confiança em si próprio, nos outros e nas instituições determina em largo espectro a condução mais ou menos determinada de uma vida feita quotidianamente de complexas e intrincadas decisões e escolhas, por vezes, com resultados verdadeiramente inesperados, ou até imprevisíveis… Alguns, chamam-lhe destino ou fado… Ou não.) Experimentamos, neste fim de Emergência 13, uma espécie de acalmia carregada de semblante apático, neutro, já indiferente. A rotina exige que convivamos com a realidade viral (e assim continuaremos por tempo indeterminado, talvez ad aeternum) e a vida não se coíbe de ser mais ou menos efusivamente vivida, quando tal é permitido, e surge uma, ainda que minúscula, janela de oportunidade para o fazer. Em desconfinamento e com a vacinação massiva em curso, bem como com a testagem mais afincada à população, os números covídicos, miraculosa ou cientificamente, estão a baixar sobremaneira no nosso país. É um facto. Quer o Plano de Vacinação, quer o Plano de Testagem, têm sofrido constantes avanços e retrocessos, no entanto, a resiliência dos cidadãos e a sua crescente (aparente) confiança (ainda que subtilmente coagida, em muitos casos), principalmente no que concerne à vacinação, aparentemente têm dado os seus frutos numéricos e acertado as estatísticas propícias ao desconfinamento. Assim, o lema continua a ser (mas, sempre o foi em teoria, pelo menos…): testar, testar, testar, mas, acima de tudo, vacinar, vacinar, vacinar. Os benefícios da vacinação continuam (supostamente) a superar os malefícios ou as contra-indicações, leia-se os efeitos adversos experimentados por umas largas dezenas de pessoas, senão mesmo centenas, por esse mundo fora, e, portanto, há que se render à evidência estatística e científica e assumir que este, por enquanto, é o melhor método para combater o inimigo mortal viral covídico. Parece não haver mesmo outra solução, por agora. Enquanto andamos nesta luta desenfreada contra um vírus guerreiro, outras lutas vão assumindo contornos deveras peculiares, em tempos de profunda necessidade de paz, cooperação e união entre os povos do mundo. Cabo Delgado. Massacre incisivo, explicado muito provavelmente por questões única e exclusivamente políticas e financeiras. Não será de excluir que a construção de um gasoduto em Palma, seja justificação suficiente para o interesse, mais ou menos repentino, pela região. Demasiados proveitos se conjugam e centram, e a visibilidade de qualquer tipo de acção é profusamente mediatizada com evidente sucesso. Mas, deste tipo de política, não quero perceber mesmo nada. A preocupação é realmente com as pessoas, civis inocentes, habitantes locais e muitos estrangeiros expatriados, apanhados neste fogo cruzado de guerra pelo poder de qualquer coisa supostamente bem maior (e deveras incompreensível) que alguns de nós. Mas, destes episódios verdadeiramente dantescos, temos muitos exemplos, um pouco por todo o mundo e, aparentemente, não há nada, nem ninguém que os consiga impedir. Assim, dita a História. A humanidade, portanto, e quase sempre, no seu bem demonstrável pior. Em muitas outras coisas também. Poder, dinheiro, política. Idem. E é este o trio que rege este nosso, afinal, pseudo pacífico planeta azul. Outra luta peculiar, desta feita, no Canal do Suez, durou 6 longos e desafiantes dias, e colocou frente a frente um gigante de metal, feito navio mercante, e as areias do canal egípcio. O navio “Ever Green” e o seu inusitado encalhar, desestabilizaram o comércio mundial. Este encalhado, um dos maiores navios porta-contentores do mundo, teve o condão de encerrar temporariamente uma das mais importantes rotas marítimas mundiais, que liga a Ásia à Europa, criando um pequeno caos comercial, reflectindo-se na escassez de produtos em muitas indústrias, um pouco por todo o globo. Mas, o engenho humano tudo resolve, ou quase tudo, e após alguns dias pautados por alguma exuberância, muita engenharia, toneladas de física e infindável criatividade, ao sexto dia, o gigante de metal lá se moveu. O que não encalha, pelo menos por agora, é a política nacional, sempre ao rubro, com tricas, trocas e baldrocas, mas louvavelmente aguentando-se inabalável, firme e estoicamente contra tudo e todos, mesmo quando algumas instituições não se entendem sobre determinadas matérias. Mas, também isso faz parte da big picture. E, assim, temos diplomas sociais promulgados que vêm baralhar as contas do Governo, mas que são decisivos para milhares de pessoas que, à conta da Covid-19, viram as suas vidas, as suas famílias e os seus empregos literalmente trucidados. Este mundo em que vivemos hoje, garantidamente nada tem a ver com o de ontem e muito menos terá a ver com o de amanhã. Tudo tem um início e um fim. É inevitável. A rapidez com que a mudança se opera e acontece, tudo transforma. Tentamos, por isso, aprender e assimilar o que é realmente importante o mais rapidamente possível, porque é nato em nós o desenvolvimento do instinto pela sobrevivência e porque, sendo a morte certa, a queremos enfrentar o mais tarde possível, da melhor forma possível. Nascer para morrer. Triste fado humano este.