E se Quem Eu Amo, Não Me Amar?
Na verdade, amar é solitário. De qualquer maneira, nascer, viver e morrer é também solitário. Vivemos rodeados de pessoas e estamos realmente tão sós. Recordar as incontáveis vicissitudes em que o mundo nos abandona, carece de profunda meditação. O que nos faz gostar de alguém? Amar alguém? Não se explica, bem sabem. Por diversos motivos e diferentes razões nos apaixonamos. O cosmos une-se contra nós e somos atingidos no coração. A ciência explica que tudo não passa de simples reacção química, libertação de hormona e afins. Não sei. Sei que o sentir, o de todos nós, é assustadoramente igual. Porque sentimos. Mesmo. Todos. Talvez, de forma diferente, reagimos e actuamos de forma diferente, mas, até os mais duros, os mais frios, mais cedo ou mais tarde, são atingidos. E o amor mata. Lentamente, mas mata. Sempre. Pela felicidade extrema ou pela dor aguda. E quando se baixam as defesas e nos entregamos? O abandono, continua a matar, a dor a aumentar e o coração parece querer parar. O corpo estaca. A mente bloqueia. O sono tarda. Quando, finalmente, amamos, pela primeira vez, ou de novo, e não somos amados de volta, as coisas deixam todas de fazer sentido e os sonhos, a partilha, a cumplicidade, a intimidade, a paixão, o amor, de alguma maneira, se perdem. Para sempre. E se quem eu amo, não me amar? Tantos desencontros no caminho tortuoso do amor. Tantos encontrões, quedas, atropelos, tantas lágrimas. Amar é sentir. Sentir é sofrer. Sofrer é viver. Viver é aprender. Aprender a amar.