Dias 12 e 13 - Cambodja Away
O tempo determina que tudo vá passando e sarando calmamente. Os Deuses zangaram-se contigo e pregaram-te uma partida: lançaram o feitiço da enfermidade e tornaram-te frágil e mortal. Um pecado distante tem penitência. O teu ousado e egoísta grito do Ipiranga tem consequências. A febril e incessante busca pela imortalidade demove da razão toda a emoção. A alma fica vazia e insensível. O Cambodja dispersou a tua alma e amedrontou o teu coração. Ousei viver e assustaste-te, apenas um pouco, é certo, mas a tua preocupação cresceu. Vais-me falando, perguntando, seduzindo, desajeitadamente. Vou-me libertando de ti e dos teus infernais feitiços. O exotismo das fotos cambodjianas deixa adivinhar mistério e intrincada construção. Povo meticuloso e regrado. Verde efusivo, de novo. O calor e a humidade, a chuva quente, assim o determinam. A tua viagem de aventura adolescente está a chegar ao fim, e eu distanciei-me, por fim. O amanhã, é uma incógnita. China e Lisboa. Caminhei de novo. Atravessei o Tejo e subi as colinas de Lisboa. Ou, talvez tenha viajado até Negrais. O facto é que tenho preenchido o teu vazio enormemente e já não me sinto tão sozinha. Tu, abandonaste-me, com uma panóplia de invenções e infantis desculpas. Há coisas que já não posso aceitar. Não consigo. E não compreendo. Se calhar, passaremos a ser só amigos. A minha confiança em ti morreu. Ainda será amor o que sinto? Ou amizade? Compaixão? Questiono-me frequentemente e não sei o que fazer. Sinto-me dividida. O coração quer perdoar, a razão, odiar. Talvez, o novo dia e a nova hora, me tragam a iluminura necessária para decidir. Por mim e para mim.