Despropósito Material
A sociedade do consumo fútil,
Aprova a materialidade da emoção humana,
Numa luta falsa pelo atraso da memória inconsciente,
Formalizando regramento purista, que simplesmente emana.
A visão ofuscada dos pseudo brilhantes,
A perda aleatória dos sentidos reais,
Nomenclaturas ficcionais derramadas,
Convulsões sociais desprendidas e mutacionais.
Novelas de episódios quebrados,
Séries e filmes irreais em demasia,
Vidas perfiladas em estados inertes adormecidos,
Envolvem a comunidade estupidificante, de mente vazia.
Tempos envoltos em bruma,
Num esquivo salto quântico,
Numa intemporalidade esfumaçada,
A mordaça de um adeus com singelo cântico.
O encanto musical perdido algures,
Num qualquer oceano de lágrimas,
Fontes luminosas sem luz no coração,
Espectros assombrando as mágoas, com dual razão.
Singularidade do etéreo que se move,
Move-se num despropósito material doentio,
Queda-se nas montras do universo da imoralidade,
Presentes envenenados, numa panóplia de estrelas de estio.
Morte acrónica,
Morte obtusa,
Morte aberratória,
Vida inglória, esquecida e difusa.
Vão-se na moeda fácil,
Prometem o que não cumprem,
A razão letal do capital alcança a mortal emoção,
Espezinha o fraco, o sonhador, os que sofrem e incumprem.
Haja sonho olvidado,
Num outro dia que não hoje,
Que os que ainda têm alma e consciência,
Se juntem e lutem contra o desígnio materialista da desumana desistência.