Brexit e PPes
A política europeia está a mudar e nem mesmo as instituições europeias conseguem travar este movimento que se iniciou dramaticamente e cujo final é uma incógnita ambígua e dual. Os povos pronunciaram-se, os corações sentiram e exaltaram e os resultados foram emocionais, emotivos e imprevisíveis ou, pelo menos, inesperados. Mas, assim é, quando dissertamos e não concretizamos sobre inteligência emocional humana e respectivos comportamentos, tantas vezes, inopinados. A focalização expectável racional seria sempre, tendo em conta as variáveis independentes, preterida em relação à comoção empreendedora de estados acumulados e realidades obtusas e castradoras. Os britânicos acataram a oportunidade que lhes foi dada de fugirem de uma Europa sem ideias ou ideais e muito pouco unida ou socialmente responsável e sustentável a médio/longo prazo. Os espanhóis reforçam a hegemonia dos reinos divididos, numa votação de desequilíbrio, desfasada e sem maioria absoluta. O cansaço das hostes face às desilusões sucessivas com o chamado “sonho europeu”, ou até mesmo nacional com pretensão ou projecção europeísta, é visível, perceptível e compreensível. Numa altura em que o ideal europeu já deveria ter amadurecido, o desmembramento, a dispersão e a, cada vez mais, profunda desunião parecem ser a maior realização de toda esta aventura de nações desiguais que se querem à força iguais, mas só sob certos e determinados domínios, parâmetros, requisitos e afins. Resta conjecturar que, como em tudo o que implica razoabilidade emocional pragmática de equilíbrio moldável e volátil, o bom senso, a ponderação e a busca dos ideais perdidos prevalecerá e incitará ao abandono de nacionalismos que começam a extremizar e a enfatizar sobremaneira a polaridade oposta das reminiscências partidarizadas, culturais e sociais vivenciadas nos primórdios civilizacionais do velho continente. Aguarda-se, por isso, uma iluminura colectiva que refresque e renove o espírito europeu, a sua visão, a sua missão, os seus objectivos comuns e os factores críticos de sucesso da união e da uniformização.