A Variação dos Ciclos Económicos
O Natal faz-se de compras. Gentio numa correria desenfreada, rebuliço incauto, dinheiro que circula apressadamente, créditos que se esgotam, paciência idem. As grandes superfícies não têm mãos a medir, o retalho desenvolve uma dinâmica muito própria, todo o mercado flui. A movimentação de dinheiro vivo é estonteante, e a satisfação de desejos, mais ou menos surreais, supostamente gratificante. Em boa verdade, vivemos agora um ciclo económico muito positivo. Todos consomem e estão felizes. Todos sabemos também que a inevitabilidade de um ciclo menos positivo, logo após a euforia da conquista de direitos novos e reconquista dos adquiridos, resultado do optimismo do mercado durante o ciclo económico positivo, é incontornável. Apesar de todas as projecções apontarem para a estabilidade económica do ciclo no curto prazo, variáveis externas como o Brexit, a produção do gigante China, ou a incerteza do cenário político americano, com um Trump sempre muito imprevisível, condicionam de forma incerta o futuro da economia nacional e internacional, a médio/longo prazo. Os mecanismos de protecção que cada país vai desenvolvendo para colmatar eventuais “deslizes económicos” revelam-se insuficientes, perante ameaças que não são passíveis de previsibilidade ou provisionamento. A “mão invisível” ainda vai fazendo discretamente o seu trabalho e cumprindo a sua função, mas há que acautelar os já de si imprevisíveis “imprevistos”. Assim, o plano de poupança das famílias, mas especialmente a boa governance e as boas práticas das empresas, assentes numa estratégia focalizada na sustentabilidade e na responsabilidade social e corporativa, são pilares determinantes e factores críticos de sucesso para a consolidação de um renovado ciclo económico positivo. Se atenuarmos as diferenças entre ciclos, tornando os ciclos positivos mais duradouros e prolongados, e promovendo globalmente, quer no meio empresarial, quer no seio familiar, um conjunto de princípios que fomentem a aplicação mais rigorosa e criteriosa do dinheiro, estaremos a garantir uma menor variabilidade dos ciclos económicos e, consequentemente, um equilíbrio de contas mais robusto e fortalecido. Cabe a cada um de nós fazer o exercício mental de repensar as prioridades de consumo e de poupança, nunca esquecendo que todos podemos e devemos fazer a diferença. Uma economia mais saudável e o nosso futuro verde, dependem apenas dos nossos comportamentos e acções presentes.