A Temporada das Ausências Poéticas
O sonho artesanal,
Confisca a razão desencontrada,
A ovação que foi revirada,
O estigma perdido que desenvolto se ergue na madrugada.
A noite adulta,
Sem tempo para quase nada,
Desperta a ausência primeira,
Descreve círculos fechados, angustiada.
Tem vida aquela noite,
Num encanto de poesia enfeitiçada,
Quem não está, será lembrado,
A temporada do amor passado, é agora fenómeno destroçado.
Quem escreve a cena épica,
Determina o futuro sem espaço,
Uma incidência atípica,
Numa personagem complexa, que tudo e todos critica.
Breve história de um mundo paralelo,
Obtuso e confuso no enredo,
Disperso e desgastado,
Perdido algures no narrar arrastado.
Já foi o tempo do amar,
Da paixão e do poeta,
Da lírica paixoneta,
Dos amantes destroçados pela esquiva e vaga cançoneta.
O delírio de um tempo ausente,
Que ao presente foge expedito,
Enquadra retrato amoroso singelo,
Que se dissipou num pranto fingido, mas belo.
A temporada das ausências poéticas,
Entregou os papéis incipientes,
Numa ribalta sem estrondo,
Porque a banalidade assombra o oco, e não perdoa o tombo.