A Intenção Desprovida de Embaraço
Na mente esquecida,
De um ser há muito apagado,
A solidão da alma,
Encandeia a intenção que se perdeu sem calma.
No sonambulismo da razão,
As contas pesaram,
Nos dizeres aflitos,
No embaraço de não poder sorrir com o coração.
A vida que se escreveu,
Tudo ditou e condicionou,
Numa guerra vil,
Numa dependência improvisada que ficou.
Sem sentido ou senso,
Quem quer ser,
Talvez um alguém maior,
Esconde-se na esteira do milagre esperado sem saber.
Já não há pensamento profundo,
Já nada se conhece,
Já nada determina a boa conduta,
Já nada define a ética, a moral, os valores de que se carece.
Não há vergonha na voz,
O corpo embala a mentira,
A alma desvenda o saber do oculto,
O discurso adormece a lógica e a boa emoção retira.
Num pano imaculado,
A inocência pura ainda quer realce,
Tenta ser verdadeira na sua débil existência,
Porque, hoje, fazer o mal é conclusão de triste encalce.
A intenção desprovida de embaraço,
É rotina conquistada sem esforço,
Numa aceitação premeditada,
Numa ovação social de esperteza alvoraçada.
Desdizer o dizer certo,
Enganar a confusa multidão,
Prometer mundos e fundos,
É o prolongar de tempos inesperados em futura convulsão.