A Forte Distância dos Não Amantes
Aquele clima de tensão exposta assumiu logo um pesar mórbido, que se notou de imediato. As crenças de cada um haviam sido abaladas e a percepção das coisas deturpada. A maquinaria do coração, ambígua e descontrolada, protesta surda contra a fantasia da realidade adulterada. A distância crescente assume-se frágil, no entanto, duradoura. As palavras já não chegam. O alcance moderado impera. Aquela familiaridade antiga esbate-se longamente. Os não amantes que jamais foram amantes entregam-se à filosofia da distância bem apartada. O mundo resguarda os não amantes da dor do amor. A folga inigualável que se assume perante o desmazelo do inconsequente ou consequente não, exporta sentimentos e sensações únicas que culminam na montra propagadora da deambulação virtual do comportamento estranho de amantes resignados. A frustração da fuga, a cobardia do adeus comprime o vilão no seu papel de monstro emocional que consome a alma alheia e o coração apaixonado, entregue a um cântico sobrenatural e a uma promessa de amor divino. Acautele-se o pranto, porque a inocência perdeu-se e a mentira elevou-se. Fechemos os olhos e deixemo-nos cair no precipício do adeus triste, solitário e amargurado. Enfim, o equívoco do meu amor é grande e a sua ausência mata. Não amantes de novo. À distância da vida e do universo.