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A Esquina do Desencontro

Histórias de Desencontros Ficcionais (ou Não) na Esquina da Vida

A Espécie Humana

27.12.19 | Cuca Margoux

A derradeira questão é: como aparecemos? Se meditarmos sobre o tema profundamente, entramos em loping. Todas as explicações que nos foram dadas, mais ou menos científicas, bíblicas e afins, retratam uma espécie cujo modelo existencialista assenta na evolução darwinista, ou na geração primata, ou no milagre de Adão e Eva. Milhões e milhões de anos de evolução, sem ninguém realmente saber ou conseguir explicar como aqui chegámos, ao que somos hoje. Verdadeiramente. Nunca ninguém conseguiu determinar quem foi o primeiro ser humano, porque há dois sexos, o masculino e o feminino, quem deu origem ao primeiro homem/mulher, se são precisos 2 indivíduos de sexos opostos para que aconteça a reprodução da espécie humana, ou seja, o aparecimento/nascimento de um ser humano... Tal como o profundo dilema existencial sobre o universo e a sua criação... Ou como vivemos numa esfera suspensa num vazio escuro, o qual não se compreende de todo... O que está por trás da criação? Sendo uma espécie feita de raças tão diferenciadas, em que a diferenciação é apontada apenas como o resultado da adaptação milenar ao ambiente e ao clima que caracteriza o habitat de cada uma das raças, porque os pontos de fixação foram distintos, qual o ponto de origem? África continua a determinar a explicação oficial primeira. E o que nos contam e o que vivemos, será realidade ou ficção trabalhada por alguém ou algo? Tudo o que é passível de ser criado pela imaginação humana, é retratado e reproduzido pela ficção. Então, como saber o que é real, o que aconteceu mesmo, e o que não é? E, estamos aqui para quê? Preservação das diferentes raças? Parecemos uma Arca de Noé feita de diferentes raças e espécies animais (racionais ou não). Será a Terra o nosso Berço? E, se sim, até quando? A sobrevivência da espécie humana, em toda a sua abrangência profundamente complexa e intrincada, está condicionada pela própria espécie ou, talvez, por variáveis externas incompreensíveis que determinam o curso da acção e do comportamento civilizacional, social, individual e humano. A nossa existência é incontornavelmente misteriosa. O que é brutalmente fenomenal é a passividade com que vivemos as nossas vidas, alheados destas dúvidas, apenas porque a racionalidade determina que nos concentremos em nascer, crescer, produzir, ganhar, reproduzir, morrer, mas, ao fim ao cabo, não se sabe muito bem com que propósito ou finalidade. Existimos apenas e quanto menos se pensar sobre o assunto, aparentemente, tanto melhor. Aliás, estamos a deixar que as máquinas “invadam” o nosso pensamento, o nosso conhecimento, o nosso saber, sem nos preocuparmos muito com o espírito crítico e subjectivo individuais, com a diversidade de opiniões e perspectivas, com a liberdade de pensamento que permitem ser diferente. E, se repararmos bem, na verdade, cada vez mais estamos a perder a nossa liberdade de expressão e de acção. Tudo e todos são controlados e tudo e todos têm de cumprir regras sociais e civilizacionais bem definidas, analíticas, concentradas em métricas, indicadores e algoritmos, enfim, padronizadas e standard. É uma democracia universal em que o poder de escolha é subtilmente condicionado e devidamente canalizado. Enfim, nada disto é novo, e não estamos a descobrir a pólvora, mas parece sempre interessante relembrar que o que verdadeiramente importa, a origem, o porquê, está devidamente camuflado pelas rotinas diárias monótonas impostas a uma espécie que definha intelectualmente, cada vez mais, a cada dia que passa, sem se questionar porquê.

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