O valor aplicado em certificados de aforro (CA) voltou a subir em outubro, interrompendo uma queda de 11 meses, atingindo os 34.127,9 milhões de euros. Este é montante mais elevado de sempre.
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Escritos da Era Bélica - Dia 1 - Dois Meses Depois, Os Dias da Guerra
25.11.24 | Cuca Margoux
(Acenar aos conflitos parece prática recorrente. Nos últimos tempos, temos assistido ao regresso improvável de manifestações bélicas expressivas, que se disseminam pelos quatro cantos redondos do mundo. Perdemo-nos diariamente envoltos nas notícias (fake ou não) que nos alarmam e que nos causam extraordinária perplexão, porque o mundo parece ter invertido o sentido da paz, da evolução responsável e sustentável, do bom senso e da ponderação. Reforçamos o que realmente somos e apercebemo-nos que, afinal, o tempo pode passar, mas não mudamos as regras, as lógicas, a filosofia, as estratégias, a visão, o viver entre o caos e a ilusória liberdade, ou a eventual felicidade. Mudam-se apenas as palavras e os termos, mas a vivência e a experiência são sempre manifestamente idênticas. O mundo gira em torno da guerra, porque a guerra é apetecível, porque a guerra a alguns protege, soluciona problemas, traz novos desafios, promove reestruturações, divisões, avanços e dilemas, determina o curso universal e onde se concentra o poder, independentemente da sua forma. Somos alicerces mal desconstruídos, enviesamento milenar extrapolado, esperança desoladora, caminho torto sem fim direito à vista, coração quente tornado frio, mente pensante empobrecida, alma iluminada escurecida. Somos na solidão colectiva. Somos na solidão individual.) As promessas de um mundo melhor avançam sempre. Umas vezes, acreditamos serem concretizáveis, outras, deixamo-nos apenas levar pelo entusiasmo. Assim é com a guerra, sempre presente, mas sempre tão imprevisível, instável e inqualificável. Em boa verdade, a guerra é o que é e o que sempre foi, mas os homens que a criaram, que a despoletam e a alimentam, personificam a imprevisibilidade das movidas doutrináveis, das sociedades questionáveis, das causas improváveis, do futuro alterado, condenado. Num dia em que se fala de violência doméstica contra as mulheres, é curiosamente notório que muitos dos problemas de liderança que abalam o mundo assentam, tantas vezes, numa liderança de génese marcadamente masculina, desconcertante, condicional e condicionada, mas sempre determinante para os desígnios futuros da humanidade. O espelho da alma da guerra são os corações fechados dos homens e o que almejam num recondicionamento recalcado que os transporta para vidas passadas que se repetem vezes sem conta. O infinito é a marca do indizível na memória estanque, que refaz o pensamento sempre da mesma maneira falível e vil. Os momentos recordados revestem-se de invariabilidade confusa e desconexa. O mundo guerreiro avança num constante e trôpego amanhecer, em que o comando de todas as coisas é assumido com o intuito de destruir sem nexo aparente. Provavelmente, a lógica é a de que a partir do caos se constrói algo novo e potencialmente mais belo. Esta realidade desvenda uma triste e infeliz provação antagónica que se divide na dualidade ambígua de uma história sem história, de uma vida sem propósito, de um estado de alma degradado. Os dias da guerra subsistem imaculados. Os que lhes sobrevivem, e que vão sobrevivendo directa ou indirectamente, desejam regressar a uma origem pacificadora, ao berço intocável da humanidade, ao doce lar outrora protegido, à terra prometida dos sonhos realizáveis. A fantasia mágica da ilusão controlada vai enchendo os ingénuos corações, procurando reforçar com o optimismo expectável e com a crença doutrinada que as coisas boas, só mesmo as coisas boas, um dia, voltarão ao seu estado de graça imaculado. Somos na enchente colectiva. Somos na enchente individual. Somos a paz na guerra.