A Teoria da Génese Humana
(Ensaio patético, ingénuo e infantil, num exercício de divagação meditativa sobre um dos grandes mistérios dos mais majestosos inícios incompreensíveis…) A questão simplificada é deveras muito concreta: sendo obrigatoriamente (ou não) necessária a fusão biológica de dois seres de sexo diferente e da mesma espécie, com características portanto idênticas, e em fases de desenvolvimento, maturidade, similares, para poderem originar um descendente em tudo análogo e aceite como continuador perfeito da espécie original, quem, o que ou o quê deu origem a esses primeiros seres? Surgiram ao mesmo tempo e tiveram sorte no timing do seu encontro? Surgiu primeiro a mulher? Ou o homem? E como se encontraram? Seguiram puros instintos biológicos? Compreenderam a lógica situacional? As teorias evolucionistas são exímias na tentativa de explicar isso mesmo, a evolução, mas não o início. E mesmo a evolução permanece envolta numa nuvem de mistério muito irrealista. O que deu origem aos humanos? Quem foi o primeiro humano? E como é que se juntaram dois humanos, de sexos diferentes, num mesmo contexto temporal de evolução e de maturidade, numa fusão de tal forma perfeita, que permitiu na junção de duas células miraculosas conceber e originar um novo ser, feito de duas metades, com informação genética misturada aleatoriamente, numa construção biológica supostamente mais aprimorada das melhores características genéticas de cada um dos seus progenitores, numa criação conceptual espantosa de fragilidade, maravilha e surpresa? A vida, tal como a conhecemos, surgiu da água. Some say. Micro-organismos vivos e maravilhosos, espantosos de facto, que se desenvolveram, evoluíram e procuraram depois terra. Em terra desenvolveram-se mais, mudaram, adaptaram-se. Também há a ape explanation. Evoluímos a partir dos primatas. Esta é sempre a lógica subjacente nas explicações sobre a vida humana. Criacionistas ou evolucionistas, certo é que as milhentas teorias não nos conseguem explicar, de forma alguma convincentemente, a nossa genesis e a nossa evolução, ou pelo menos, não são persuasivos na argumentação determinante. É um facto. E é um facto também que esta nossa necessidade de tudo teorizar para explicar e compreender o que nos rodeia, é uma forma de organizarmos e compartimentarmos as nossas dúvidas, incompreensões e receios. Se houver uma explicação, de preferência científica, ficamos com certeza muito mais descansados. Porque aquilo que não conhecemos, dominamos ou controlamos nos assusta sobremaneira. Mas o que é verdadeiramente científico? Aquilo que vivemos e experimentamos é real, ou uma construção cénica com enredo? Seremos gentes das estrelas ou brinquedo de gentes das estrelas? (Ensaio patético, ingénuo e infantil…) Mas, a realidade é o que é. Temos duas hipóteses: aceitar que a vida humana nasceu/nasce com algum propósito ou que simplesmente nasceu/nasce por nascer. O curioso é que conceber uma vida humana é extremamente difícil. A união singular entre as duas células geradoras da vida humana, o contexto, o timing, têm de ser os ideais. A reprodução humana é um processo delicado e muito sensível. O próprio processo de concepção é na grande maioria das vezes dificílimo, a vida a partir do momento em que é vida humana reveste-se de uma fragilidade incomensurável e o seu amadurecimento é um aparente exercício em contínuo de sobrevivência e de luta contra o fatal sucumbir. Assim sendo, se realmente conhecêssemos a nossa primeira essência genética, a original, talvez nos fosse mais fácil dar importância ao que é realmente importante, ou seja, a preservação da vida humana com qualidade e a continuidade sustentável da espécie, em harmonia com o seu habitat, num equilíbrio existencial um pouco mais perfeito. Ou, talvez, nada disto seja lógico e a realidade seja outra, indiferente ao pensamento e às dúvidas existenciais de uma humana (será?) desajustada e pouco convencional. Uma realidade que não se prende com explicações, argumentação ou procura de factos, a existência a ser apenas porque sim, porque é. Assim, o que esperar da evolução da espécie humana? Que tipo de evolução? Que definição, concretização e para quê? Se não compreendemos e sabemos qual a origem, como vamos viver o presente plenamente e construir um futuro mais equilibrado, produtivo, harmonioso e bom para todos? A Teoria da Génese Humana talvez exista, mas a Prática é a desconstrução do mistério da vida…