A decorada memória de uma qualquer diarreia plural da alma desapaixonada é concebida aqui. Ensaio inconsequente e insignificante de uma coisa qualquer. Desinspirada escrita, estupidificante texto. Extrapolada contenção irreal de dolorosa aparência. Caminho perdido, numa falésia contida na alma assombrada pela volatilidade do tempo intemporal. Um ser desperta algures. Outro, desfalece numa sombra gloriosa envolvida pela magia de um conto vibrante, ainda assim fatal. Inventar o que não tem invenção permanece no pensamento repleto de onomatopeias singelas e irritantemente sonoras. A inquietação da alma e do sonho servem de refúgio a uma insanidade apenas sã, quando se esconde no subconsciente. Porque o facilitismo da vida e a sorte não existem, o condão de seguir e não desistir é retraído, numa espécie de teatral existência condimentada. Os condimentos apuram os sentidos, mas aniquilam a fantasia. Nada ser é doloroso. Na dor mais profunda imaginada. O que ser é incógnita. O propósito do vira lata é desconcertante. As recorrentes perguntas, um perfume viral extasiante. O que ser quando não ser? O que não ser para ser? A determinação da invenção mais pura é apocalíptica, redundante. O nada ser, mais fácil do que parece. Respirar a ondulação do tempo e do espaço e somente existir. Fatídica e inquietante desmesura que apoquenta o corpo partido, na procura pelo caminho certo, o caminho esperado, o rumo encontrado. Delinear planos numa plataforma de emoções cadenciadas, na benevolência e caridade de outros que não existem e que se sonham, no significado de se ser quem é e de não desistir da alma pesada, em busca de paixão e amor e algo mais que nunca se encontra. Obtusa gente que caminha lado a lado. Solidão intensa e imensa que faz chorar. Pranto outrora apagado, que agora renasce estupidamente. Canção de embalar sem embalo e sem sonho. A inquietante invenção do nada ser é simplesmente inconsequente, na sua existência partida e finita. O ritmo fomenta algo. O algo cresce cego. A cegueira aparta os sentidos. Os sentidos maturam e matam. A morte é aguardada e a vida esquecida. O ciclo encerra a chave falsa de uma qualquer oração salvadora. Talvez, de almas ofuscadas e sem sentido prático, talvez enganadas na rotunda da outra vida olvidada. O manto de estrelas é real. O céu cai sobre nós. Nada ser é consolador. Nada esperarem de nós, não se lembrarem da voz. Assim, a invenção é pacífica, contida apenas na contenção mural da mente. A inquietação passa. O ser que nada é aparta, encolhe-se, resguarda-se e morre sozinho. Sempre sozinho.
Não são de abordagem fácil e linear. Nem tão pouco pretendo estar com pretensiosismos surreais. Remeto-me simplesmente à minha insignificância de humilde observador pseudo-pensador. Recorrentes temáticas sensíveis envolvendo vários actores, mais ou menos mediáticos e/ou mundanos e/ou (im)populares, e apesar de cada vez mais mediatizadas e discutidas, são sempre matéria de difícil e condicionada humilde dissertação. Primeiro, e em relação à eutanásia, é fundamental que se compreenda que a decisão face à mesma é sempre tomada pelo próprio, em plena consciência, e enquanto detentor das suas plenas, totais e inequívocas faculdades. Assim, o que está em causa não é “o matar alguém”, mas simplesmente alguém que quer ter o direito a uma morte condigna, assistida portanto, respeitando uma série de protocolos devidamente reconhecidos, decidindo pois o próprio em plena consciência de decisão sobre a sua morte, ou seja, sobre o quando e como quer morrer, face a um determinado e muito específico quadro clínico de saúde irreversível. Parece, por isso, haver algum sentido lógico razoavelmente admissível na sua despenalização. Se coloca questões éticas e morais? Claro! Por isso, é tão importante a sua discussão. Referendar? Sim! Um referendo devidamente esclarecido/informado, para que todos saibam o que estão verdadeiramente a referendar. Racismo, é algo que parece infelizmente intrínseco à cultura social das civilizações e que existiu, existe e, pelos vistos, continuará a existir pelo simples facto de sermos um mix humano bastante complexo, entrelaçado de muitas e diferentes raças. É tendencial associarmo-nos e identificarmo-nos com um determinado grupo. E quando não conhecemos de todo outro(s) grupo(s), temos medo do desconhecido. Estes sentimentos de pertença e de medo são naturais nos seres humanos. Claro que o refinamento do extremismo racial apurou-se, e temos tido ao longo da história da humanidade casos de verdadeiro descontrolo humano face ao próximo, simplesmente por este próximo ser de uma raça/etnia/religião e afins diferente. Esta irracionalidade levada ao extremo enfatiza comportamentos desviantes e repreensíveis, no entanto, foram uma realidade, são uma realidade e dificilmente serão neutralizados ou apaziguados num futuro próximo, porque as dinâmicas sociais e humanas são ainda de delicado e sensível entendimento e os comportamentos de grupos homogéneos, unidos e consolidados, são tendencialmente menos condicionáveis e/ou modificáveis. Aqui, o todo condiciona o individual, independentemente dos princípios e valores defendidos pelo indivíduo. A grande linha de pensamento que quero reforçar é a que consagra o total e completo desconhecimento do eu tribal humano e do próprio eu humano. A emoção é fundamental, é o que dá vida aos sentimentos e ao sentir, no entanto, mascarada com a impulsividade e a exuberância da irracionalidade extremada, resvala facilmente para estereótipos infelizes, voláteis e manipuláveis. Como em tudo na vida, encontrar um equilíbrio win-win para todos os intervenientes é a realidade sonhada. Se algum dia será alcançável, é uma outra questão...
Os escritos definharam porque a realidade está em evaporação letal. O rodopio de asneiras acumuladas nos últimos tempos pela humanidade imatura e infantil, deixam antever, pouco efusivamente, uma melhoria de qualquer um dos estados condicionantes da vida humana, neste momento, e muito sinceramente, em momentos futuros. Uma pandemia generalizada (mais uma!), mas ainda não oficializada, um Brexit compulsivo e arrepiante (cujas consequências operacionais e reais ainda estão por descortinar verdadeiramente), um desimpeachment virtuoso, malfadado e supremamente controlado (com uma futura candidatura presidencial já em vista), greves incontáveis, orçamentos tirados a ferros (esperemos pelas votações na especialidade), quarentenas impostas, cidades fechadas (outras estranhamente descansadas), cidades fantasma, números controlados, numa mediatização ainda q.b., desarranjos europeus (novos e menos novos) e mais um sem fim de malfadadas odes à desgraçada espécie que continua e teima em conjurar contra si própria. E é isto que realmente mais fascina, neste turbilhão de acontecimentos controlados (esperamos nós!), apenas, por alguns (aceitamos nós!). O verdadeiro conhecimento das causas ultrapassa o true knowledge comum dos mortais. O discurso eternamente pessimista é repetitivo, claramente o sabemos, mas a variação na quotidiana manifestação de vontades, comportamentos, atitudes, decisões e acções humanas é já tão estanque e despropositada, sem alterações significativas portanto, que até o mais optimista destes comuns mortais se entrega à letargia e à apatia compulsivas do dolce fare niente relativamente ao que quer que seja e/ou aconteça. Vivemos a virtual realidade de uma vida não tão virtual, e virtuosa, assim. De facto, até queremos que a vida seja cada vez mais virtual, porque a acção da rotina diária cansa e torna-se monótona. É sempre mais do mesmo. Enfadonho, deveras. O mundo virtual permite a libertação da fantasia e da imaginação, a criatividade e a inovação sem limites. E com as consequências dissimuladas e subtilmente remetidas para o subconsciente. A consciência assim não pesa. Pois, que dizer de toda esta panóplia de mutabilidades imprevisíveis e desconcertantes? A mobilidade global contribui para esta intrigante e inquietante nova virtual realidade. E será mesmo tudo isto que vivemos real ou uma simples e estupidificante criação virtual para nos entreter com enganadoras insignificâncias? Temos tudo, ou quase tudo, à distância de um clique, pensamos cada vez menos, porque está tudo disponível no smartphone ou numa qualquer página da net, acreditamos em quase tudo sem questionar verdadeiramente, queremos viver um bocadinho de vida sossegada e o mais descansada possível, sem grandes tormentos, linear de preferência, e sem incómodos ou surpresas, inconstâncias ou complicações. Mas, sem tudo isto, o que resta? Como se enche então o vazio cinzento? Não sei...