O Estio das Estrelas Cadentes
Por natureza, a sua luminosidade esférica e composição plasmática irradia apenas os bons pensamentos de uma estrela cadente. As estrelas cadentes adormecem a maior parte do tempo humano desperto, porque apenas começam a brilhar ao lusco-fusco, vivem intensamente os céus alheios nocturnos de negro forte e escondem-se dos olhares aos primeiros raios de sol da manhã, envergonhadas. É quando estão adormecidas que recarregam os bons pensamentos e os transmitem telepaticamente, através de vórtices de energia quântica, aos humanos acordados, sob a forma de espectro de não matéria esquiva e moldável, exímia na arte do disfarce físico. Os humanos absorvem e filtram apenas os bons pensamentos. Valha-nos isso. Os maus pensamentos das estrelas cadentes são the dark side e assustadoramente maléficos e atordoadores na sua drástica medida maligna. É por isso que os humanos também brilham, ainda que apenas muito ocasionalmente, porque os bons pensamentos de uma estrela cadente são difíceis de capturar e absorver. A nossa identidade pesarosa, desconfiada e céptica de seres de pouca fé faz com que durante a maior parte do ano humano as estrelas cadentes não consigam alcançar o corpo, a alma e o coração humanos e esta energização necessária para estabelecer o equilíbrio do universo, esfuma-se inconsequente e frustradamente pelos túneis do infinito equidistante. Assim, é no estio das estrelas cadentes, na estação seca, portanto, dos humanos, que a actividade floresce e dá frutos, porque os dias são maiores e os humanos parecem estar mais felizes e mais propensos às emanações de energia positiva do estrelato. Por isso também, o céu se ilumina nas noites de verão com uma intensidade mais desconcertante, gloriosa e poderosa, em comparação com os outros dias do calendário. Amiúde, os humanos entregam-se, nesta época, em particular, à observação da imensidão do firmamento, com crença inexplicável, na esperança de encorajarem as estrelas cadentes a dormirem o sono dos justos e dos tranquilos, durante o dia, com a profundidade suficiente para só produzirem bons pensamentos. A dinâmica deste duo jamais será compreensível, porque forças maiores se movimentam no universo para que estrelas cadentes e humanos se concertem numa dança de par perfeita e magistral, verdadeiramente singular. E assim continuará até ao fim dos tempos se os humanos acreditarem.