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A Esquina do Desencontro

Histórias de Desencontros Ficcionais (ou Não) na Esquina da Vida

O lado B da Terciarização

15.04.16 | Cuca Margoux

O mundo ocidental está a experimentar mudanças prolongadas, críticas e profundas, na formatação da sua nova realidade económica e social.

Parece que os velhos modelos teóricos, ineficazmente aplicados, já não se ajustam nesta tentativa falhada de resposta contraproducente a uma nova e dramática revolução no paradigma evolucionário da força de trabalho dos países ditos desenvolvidos. O caos instalou-se e ninguém sabe o que fazer.

Esquecemo-nos completamente da produção e da transformação. Focámos as nossas super forças no consumo selvagem, na terciarização imaculada, o que se traduziu na morte lenta e progressiva do conhecimento ancião da “fábrica industrializada da terra” e do crescimento desenfreado do mercado das “utilidades”.

Mas, conseguiremos sobreviver como países auto-suficientes assim? Por quanto tempo? Começamos a ter um visão muito simplista e primária do que realmente nos espera e estamos a ficar assustados, porque o controlo efetivo e eficaz nos está a escapar literalmente por entre os dedos da mão.

É certo que o “outsourcizar” destas (e de outras atividades), transferindo-as para “países paraíso” com uma mão de obra muito mais barata e menos reivindicativa, com regras laborais e fiscais muito mais flexíveis, com “offshorização” abençoada e culturas mais moldáveis, para minimizar os custos de produção e de distribuição, teve sentido racional e financeiro e, inclusive em áreas de negócio muito concretas, resultou num benefício real para as partes interessadas, mas, qual será o verdadeiro preço a pagar por esta “cereja no topo do bolo”?

To John Jones (strategy + business online)

15.04.16 | Cuca Margoux

John Jones is a vice president in New York. Mr. Jones is a specialist in organization design, process reengineering, and change management.

 

Dear Sir,

I’ve read your article on the “10 Principles of Change Management” (strategy+business online) and I found it a true compiling picture of the portuguese reality, with a lot of potential application on the social and economic environment.

You see, Portugal is now a “company” with a serious role of problems on change management. If we could just follow and apply your simple and clear principles, perhaps we would be much more focused and hopeful on our own future. The problem is that we are not accomplishing those goals. We are “killing” jobs, education, health, birth rate and the economy.

My question to you is simply “what’s really missing on our change management strategy”? Are there any providential tips on how to survive to this brutal crisis? How can we manage to replace confidence to people and to the markets? How can we balance, with any justice, the social and economic reality? And where does Europe and Euro stand for? What’s their true role in all of this?

I’m also a concerned mother and every day I repeatedly question myself: “what am I going to leave to my children, what are we going to leave to our children as a nation, how can I help and do better”?

Thank you so much for your time and attention.

Sincerely,

... (Portugal)

A Dicotomia Universidade Empresa numa abordagem à Prática Jurídica

15.04.16 | Cuca Margoux

Num mundo laboral, cada vez mais competitivo e concorrencial, mas também comprometido com a crescente preocupação focada nas questões sociais, éticas e deontológicas, ambientais e de sustentabilidade, as Universidades, tal como as Empresas, ocupam lugar de destaque na capitalização académica e profissional dos futuros Agentes Dinamizadores, Difusores, Praticantes e Executantes da Lei, sejam eles Estudantes de Direito, Legisladores, Juristas, Advogados, Magistrados, Funcionários Judiciais ou o Cidadão no exercício do seu Direito ou no cumprimento do seu Dever. 

As Universidades têm como missão formar. O seu propósito é preparar, numa perspectiva histórico-futura, técnico-científica e atenta ao mundo em seu redor, consolidada lentamente, portanto, no tempo, as pessoas. Estudar os modelos estruturais existentes, para compreender o presente e inovar no futuro. Aprender, assimilar conhecimento e questionar fundamentadamente o que já é conhecido são pedras basilares para despertar nas mentes jovens que estão a ser formadas (e não formatadas) o gosto pelo empreendedorismo visionário jurídico, gerador de mudança sustentável e criador de cidadãos socialmente mais preocupados e mais responsáveis. Sabemos, pois, que uma boa base académica proporciona e faz antever um futuro promissor de sucessos para um profissional que quer trabalhar na senda da excelência jurídica.

As Empresas, por seu lado, têm como missão, em última análise, gerar lucro, criando assim riqueza difusamente dispersa sistemicamente. Focam-se na gestão optimizada de recursos controlados para criarem valor, sustentadamente, minimizando custos e eventuais impactes, sempre atentando (na grande maioria) à salvaguarda da satisfação das necessidades das partes interessadas. Vivem aceleradamente o tempo, que é sempre escasso, e são altamente competitivas, adversas, muitas vezes, ao cumprimento rigoroso da Lei e à processualização da obrigatoriedade burocrática, apesar da imagem que tentam criar e passar à comunidade, institucionalizando a Responsabilidade Corporate, a Boa Governance e os Reports Anuais de Sustentabilidade ou a implementação de normas internacionais como a ISO 26000 (Responsabilidade Social e Sustentabilidade) ou a SA 8000 (Sistemas de Responsabilidade Social).

A questão que se coloca é, Como é que estas duas entidades, aparentemente, tão singulares e únicas, conflituantes nas suas missões, se compatibilizam para “criarem Agentes da Lei”?

Apesar do objecto da sua existência e o seu fim se encontrarem bem definidos e delimitados, a cooperação e complementarização de ambas, na prossecução deste resultado final conjunto é passível de ser executado. Assim, com a plena interiorização dos papéis atribuídos a cada uma das entidades, as partes juntam-se para formar um todo mais completo, cada uma contribuindo com as suas melhores práticas, colmatando lacunas naturais uma da outra. Não podemos esperar que um “puro académico teórico” de Direito se compadeça das reais necessidades de uma empresa ou que uma empresa se “renda” aos encantos das teorizações históricas da evolução da História Deontológica do próprio Direito. Não podemos esperar que um Estudante de Direito venha a aplicar, na vida prática, algum do conhecimento aprendido dos Códigos estudados no decorrer do seu percurso académico, porque se tornam obsoletos, ou que uma empresa contrate um profissional com experiência e percurso unicamente académico, devido ao desfasamento natural entre realidades.

A ideia, é pois, reunir esforços o mais consensuais e complementares possíveis para fornecer “a tal” preparação de ADN neural jurídico intrínseco, criando competências que permitam, mediante o mundo e as empresas em constante mudança, adaptar o conhecimento adquirido, ajustando-o a cada nova realidade, a cada nova problemática, a cada novo desafio, a cada nova necessidade de flexibilização, a cada novo cliente, garantindo sempre o cumprimento escrupuloso da identidade característica de cada um dos intervenientes e atendendo ao efeito globalizante da realidade em que se integram.