As cores quentes do Verão tropical chamam por mim.
Numa qualquer floresta perdida nos confins milenares do mundo, o olhar curioso de alguém, que perspectiva de fora, descobre cenários intemporais de fantasia tribal rodopiante repleta de magia de outros tempos.
São cenários abstractos tórridos, carregados de humidade, de verde, de alegria de viver, movimento corropiante, tonalidades dos trópicos que são, simultaneamente, fogo de munguba, floresta e vida, luz e escuridão colorida, estrelícia e abacate.
A floresta tropical abraça-me e embala-me num sonho que desperta os sentidos e aguça o engenho da arte.
As fadas acordaram numa certa manhã cinzenta e escura e acharam por bem alegrar o mundo tristonho que preenchia o cenário envolvente.
Resolveram então pincelar as telas das vidas em seu redor e criar magia. Coloriram tudo e todos. Alegraram os seus pares, humanos, amigos, inimigos, natureza e demais personagens e intervenientes, ficcionais ou mais realistas.
Estavam verdadeiramente felizes e, por isso, a sua alegria viajou para e através da tela. A tela singela e doce de conto de fadas que conta histórias de outros tempos. Os tempos em que a comunhão da vida, a beleza das relações, o amor, a amizade, a fraternidade se comemoravam efusivamente, entre povos, no solstício de Verão.
Serpenteando a vida que existe escondida na colorida e exótica Floresta Encantada, o Rio Azul mexe-se em compasso desregrado. A mobilidade das suas inversas torrentes de águas mornas, ondulam despreocupadamente os passeios laterais de avenidas imaginárias.
Lá longe, na urbe desregulada e decadente, conversa-se sobre o futuro do Rio Azul. Gentio e bestas dissertam teses contemporâneas, baseadas num passado recente, que defendem criativamente o empreendedorismo espartano e massificado aliado à exploração do espesso fluído azul que corre no seu leito. Um fluído milagroso que dinamiza o equilíbrio frágil da remota e peculiar região.
Todos olham, no entanto, aquele belo mapa da Floresta Encantada que desvenda o trajecto do Rio Azul. E ao verem, com olhos de lince e perspectiva de artista, descortinam um mundo de soluções possíveis e esquecem as discórdias e agradecem o simples facto de viverem num sítio maravilhoso e protegido dos males do mundo pela magia de outros tempos.
Como em tudo na Vida, o Princípio, the Very Beginning, é sempre difícil. O mote de hoje será... Improviso no Feminino, a bem de um Dia que se quer Todos os Dias!
Então, se calhar, coloca-se a questão de fundo sem fundo à vista: "O que define as mulheres?".
A associação imediata à maternidade que leva ao histerismo matinal (e sabe-se bem que não há parentalidade positiva que aguente certas birras), a pink cute frágil e à complicação hormonal generalizada, bem como à rotineira headache mensal e à home management, à noiva de branco no altar, a correrias para o pediatra e para a escola, a promoções e saldos que levam a verdadeiros duelos de titãs, a concorrência profissional desleal pouco igualitária e funcional, quase sempre uma causa perdida, parece querer surgir quase de imediato nas nossas cabeças pensantes.
Será assim a definição do human e social behavior feminino? Tão previsivelmente expectável e standardizado? Na essência puritana genética e sexista, serão as mulheres o que mostram aos outros ou o que escondem dos outros?
O que podemos mudar social e culturalmente para alterar esta visão pré-conceptualizada de uma realidade mundana que se quer com uma nova dinâmica de inconformismo inovador e criativo?